Fez-me impressão a presença de presidentes de clubes e da própria Federação na iniciativa do jornalista da SIC, Rui Santos, na Assembleia da República sobre a petição sobre os meios tecnológicos e a verdade desportiva.
Só por pura hipócrisia, não acredito que seja ingenuidade, se pode acreditar que uma petição à Assembleia da República Portuguesa, trará alguma alteração à forma como os jogos são dirigidos.
-Porque quem tem a capacidade para alterar a situação é a FIFA e o International Board;
-Porque não poderia haver, mesmo que a AR o aprovasse leis "futebolísticas" diferentes em Portugal, sob pena de sermos "arrumados" da FIFA, UEFA, etc.
Não acredito que os meios tecnológicos façam grande diferença, alguma farão concerteza, se a FIFA aprovasse que as grandes competições as usassem, eventual mente o chamado "olho de falcão" ou o "chip" na bola poderia eventualmente resolver algumas situações.
Na "minha modalidade", o basquetebol existe alguma ajuda tecnológica, para situações de agressões, ou para questões relacionadas com a validade ou não de determinados lançamentos (se dentro ou fora do tempo de jogo, ou se de 2 ou 3 pontos).
Não acredito que no futebol o video-árbitro, como pomposamente lhe chama o Rui "caracolinhos" Santos tivesse grande utilidade. Deixo dois exemplos:
-Árbitro que marca um fora-de-jogo inexistente, interrompendo uma jogada perigosa, equipa prejudicada à moda do futebol americano pede recurso ao vídeo-árbitro da decisão, árbitro vê que não havia fora-de-jogo, como recomeça o jogo? A jogada perigosa já foi interrompida...
-Árbitro assinala um fora-de-jogo, em situações semelhantes às do último FC Porto-Leiria, as imagens para todos "esclarecedoras", levam no entanto a opiniões divergentes, o árbitro tomava uma opção... o que seria no fim-de-semana seguinte...
Que tipo de imagens seriam utilizadas?
Que tipo de situações poderiam ser tratadas?
Eu sou a favor da verdade desportiva, mas nunca assinaria uma petição destas...
A favor da verdade desportiva seria:
-não permitir que os atletas assinassem contratos prévios ao final da época (o caracolinhos que tanto se insurgiu no passado esta semana nada disse;
-criar tectos salariais entre todos os clubes;
-limitação do número de jogadores contratados;
-não haver castigos em jogos, excepto por situações de EXTREMA GRAVIDADE, a título de exemplo o que seria uma final do Campeonato do Mundo sem os melhores jogadores porque tinham sido castigados antes;
-os castigos serem, na sua quase totalidade, pecuniários, e efectivamente pagos pelos jogadores, em valores percentuais dos salários;
-as ligas de clubes terem interesses comuns e não os interesses de alguns, fomento do negócio, desenvolvimento de novos mercados, apoio aos jovens jogadores, etc;
Mas estas são coisas que dão muito trabalho pensar, e o desporto em Portugal é comentado e tratado com os pés por muita gente incluindo responsáveis políticos e jornalistas.
Gostaria que comentassem sem óculos de nenhuma cor, porque procurei escrever o texto com a máxima imparcialidade que me é possível.